Título: Mecanismos moleculares envolvidos na liberação de redes extracelulares de dna por eosinófilos humanos em resposta ao fungo aspergillus fumigatus.
Aluno(a): Isabella Gropillo de Carvalho Gomes
Orientador(es): Prof(a). Josiane Sabbadini Neves
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Eosinófilos são granulócitos classicamente relacionados a doenças alérgicas e a respostas imunes do hospedeiro a helmintos, bactérias e também fungos. A liberação de redes extracelulares de DNA por leucócitos é um mecanismo importante da resposta imune inata a patógenos em diferentes condições infecciosas, incluindo infecções fúngicas. Aspergillus fumigatus (A. fumigatus) é um fungo oportunista responsável pela aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA), uma doença pulmonar marcada por uma inflamação eosinofílica proeminente. Estudos anteriores de nosso grupo demonstraram que eosinófilos humanos isolados liberam redes extracelulares de DNA (EETs) quando estimulados por A. fumigatus in vitro em um mecanismo dependente de CD11b e Syk tirosina quinase e que envolve a morte da célula, mas independe de espécies reativas de oxigênio. Dentro deste contexto, neste trabalho o objetivo foi dar continuidade aos estudos anteriores e contribuir com a elucidação de outros mecanismos importantes que estariam orquestrando a liberação de EETs em resposta ao A. fumigatus com foco na investigação do papel de diferentes proteínas quinases e da necessidade da viabilidade do fungo para a indução das EETs. Para isso, eosinófilos do sangue de doadores saudáveis foram isolados por seleção imunomagnética negativa e pré-tratados durante 30 minutos com inibidores farmacológicos de diferentes quinases, incluindo PP2 (inibidor da família Src; 10 μM), wortmanin (pan-inibidor de PI3K; 0,1 μM), AS605240 (inibidor de IP3K de classe I; 1 μM), IC-87114 (inibidor de IP3Kδ; 1 μM), SB202190 (inibidor de p38 MAPK; 10 μM) e inibidor de AKT VII (2,6 μM) e depois estimulados com A. fumigatus numa proporção célula:fungo 1:10 por 6h. Observamos que os tratamentos com PP2 ou wortmanin aboliram completamente a liberação de EETs induzida por A. fumigatus. Para confirmar a participação de PI3K de classe I e PI3Kδ neste processo, utilizamos os compostos AS605240 e IC-87114 respectivamente. Tanto o tratamento com o composto AS605240 quanto o IC-87114 sugerem um efeito inibitório, entretanto ainda com ausência de significância estatística. Os resultados também sugerem que p38 MAPK e AKT estão envolvidas na liberação de EET induzida por A. fumigatus, entretanto ainda sem a certeza da significância estatística. De acordo com os experimentos realizados até o momento, nenhum tipo de toxicidade foi verificada para os inibidores utilizados tanto em relação aos eosinófilos, como em relação ao fungo. Os resultados também indicam que a liberação de EETs independe da viabilidade do A. fumigatus. Em conclusão, nossos resultados mostraram que a liberação de EET induzida por A. fumigatus depende da sinalização da família Src quinase, PI3K e, possivelmente, p38 MAPK e AKT. O mecanismo de liberação de EETs frente ao A. fumigatus parece ser independe da viabilidade do A. fumigatus e provavelmente envolve o reconhecimento de moléculas da parede celular do fungo, e não moléculas secretadas por ele.
Palavras Chave: Eosinófilos; A. fumigatus; redes extracelulares de DNA; aspergilose bronco pulmonar alérgica
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Eosinophils are granulocytes classically involved in allergic diseases and in the host immune responses to helminths, fungi, bacteria and also virus. The release of extracellular DNA traps by leukocytes is an important mechanism of the innate immune response to pathogens in different infectious conditions, including fungal infections. Aspergillus fumigatus (A. fumigatus) is an opportunistic fungus responsible for the allergic bronchopulmonary aspergillosis (ABPA), a pulmonary disease marked by a prominent eosinophilic inflammation. Previously, we demonstrated that isolated human eosinophils release DNA extracellular traps (EETs) when stimulated by A. fumigatus in vitro in a mechanism that involves CD11b and Syk tyrosine kinase, and which involves the death of the cell, but not reactive oxygen species. In this work, our aim was to continue the previous studies and contribute to the elucidation of other mechanisms that orchestrate the release of EETs in response to A. fumigatus with focus on the role of different protein kinases and the need for the fungus viability to induce EET release. To achieve this purpose, we isolated eosinophils from the blood of healthy donors by negative immunomagnetic selection, pretreated for 30 minutes with different pharmacological inhibitors to different kinases including PP2 (10 M; Src family inhibitor), wortmannin (0,1 M; IP3K pan-inhibitor), AS605240 (1 µM; class I IP3K inhibitor), IC-87114 (1 µM; IP3K δ inhibitor), SB202190 (10 M; p38 MAPK inhibitor) and AKT inhibitor VII (2,6 µM), and then stimulated with A. fumigatus in a cell:fungi ratio of 1:10 for 6h. We observed that the treatment with PP2 or wortmannin completely abrogated the A. fumigatus-induced EETs release. To confirm the participation of class I IP3K and IP3Kδ in this process, we used AS605240 and IC87114, respectively. Both treatments with AS605240 or IC-87114 suggest an inhibitory effect, although still lacking statistical significance. The results also suggest that p38 MAPK and AKT are involved in A. fumigatus-induced EETs release, however the statistical significance is not certain. According to the obtained results, no toxicity was observed for the inhibitors used, neither for eosinophils, nor for the fungus. The results also indicate that EETs release is not dependent on the viability of A. fumigatus. In conclusion, our results showed that A. fumigatusinduced EETs release is dependent on the Src family, IP3K signaling and, possibly, p38 MAPK and AKT. The mechanism of A.fumigatus-induced EETs release is not dependent of fungus viability and probably involves recognition of fungus cell wall molecules, but not fungussecreted molecules.
Keywords: Eosinophils; A. fumigatus; extracellular DNA traps; allergic broncho pulmonary aspergillosis