No dia 05 de Julho de 2019, foi publicado na revista Science (vol. 365) o artigo da professora Letícia Carneiro, do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Confira, abaixo, o resumo do artigo.
The heme-regulated inhibitor is a cytosolic sensor of protein misfolding that controls innate immune signaling
"A resposta integrada ao estresse (ISR) é um conjunto de reprogramações celulares que permite que a célula se adapte a variações ambientais ajustando seu estado metabólico para manter a homeostasia. Durante infecções, especialmente por patógenos intracelulares, a ISR integra a imune inata promovendo um ajuste fino da resposta em função das alterações celulares promovidas pelos patógenos. No artigo publicado recentemente no periódico Science (edição de 5 de julho de 2019), os autores propõe que um dos “braços” da ISR, aquele mediado pela kinase HRI (heme-regulated inhibitor), atua no citoplasma de forma semelhante a do “braço” que é mediado por PERK no reticulo endoplasmático. Isso quer dizer que HRI é ativado pela formação de grandes complexos proteicos no citoplasma, mais especificamente, quando receptores de padrões moleculares (PRRs) da imunidade inata ativados recrutam suas proteínas adaptadoras formando grandes plataformas de sinalização intracelular. Nessas situações, kinase sensora HRI fosforila a subunidade α do fator de iniciação eIF2 resultando na paralização da tradução de novas proteínas e na indução de um programa transcricional mediado pelos fatores transcricionais ATF4 e ATF3. Esse programa é responsável pelo aumento dos níveis de HSPB8, uma chaperona que estabiliza o complexo proteico formado pelos PRRs e suas proteínas adaptadoras permitindo que sinalizem corretamente levando a produção de mediadores inflamatórios. Na ausência da via HRI-eIF2α-ATF4/ATF3, esses grandes complexos são malformados e a produção de mediadores inflamatórios é significativamente reduzida. Finalmente, os autores demonstram que essa via é importante na sinalização de receptores que utilizam as proteínas adaptadoras RIP2, MAVS, TRIF e ASC (como por exemplo NOD1, NOD2, TLR3, RIG-I) mas não dos que utilizam as proteínas adaptadoras MyD88 e STING (como outros TLRs e c-GAS), Curiosamente, o primeiro conjunto de moléculas adaptadoras sabidamente forma fibrilas do tipo amiloides in vitro enquanto o segundo grupo não. Considerando que HRI é uma kinase sensora de estresse da ISR, é tentador especular que essa via também esteja envolvida na detecção e controle de fibrilas amiloides que se autoagregam nas células e que são associadas a doenças neurodegenerativas. Estudos adicionais são necessários para validar ou descartar essa hipótese."
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